Todas as pessoas que têm um documento oficial já foram "sujar os dedos" para registrar a impressão digital. Essa prática é utilizada desde 1920 em Mato Grosso não só para registrar pessoas, mas também para identificar corpos e confrontar dados. O profissional responsável por registrar e identificar os cidadãos é o papiloscopista, que tem um dia em sua homenagem, o 5 de fevereiro. Apesar de presente no dia a dia, o nome pode soar "estranho" aos ouvidos e, por isso, o conversou com o papiloscopista Elthon Teixeira, 35. Ele é formado em Engenharia Elétrica e Economia, mas mudou de carreira ao ver na profissão a oportunidade de ajudar a sociedade. Hoje ele é diretor substituto do Instituto de Identificação de Mato Grosso, setor ligado à Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec). O papiloscopista é o profissional responsável pela identificação de pessoas através de suas impressões digitais, com certeza você já viu isso nos filmes de investigação. Então, além de fazer o trabalho que geralmente está à vista da sociedade, como a confecção do Registro Geral (RG), o papiloscopista também atua na parte criminal, como a identificação de cadáveres, identificação de presos e de pessoas que possam estar usando nomes de outras. Não há como fraudar a digital. Papiloscopista é uma profissão que você vê retorno na sociedade. Então, ela acaba contribuindo para toda a população. O nome da pessoa é algo muito importante. Identificar alguém é valioso”, conta. Por se identificar com a área da tecnologia, Elton viu na papiloscopia a oportunidade de aproveitar seus conhecimentos em automação e trabalhar com o que gosta. “Eu acompanho os editais de concursos e, quando saiu o edital da Politec, fui atrás para ver quais deles eu enquadrava. Aí que comecei a pesquisar, porque não é uma profissão que você vê no dia a dia”, lembra o profissional." |
“Cada dia você vai se apaixonando mais pela profissão. Ser identificado hoje, você ter um nome, ser reconhecido e ter um documento que te garanta isso, a necessidade das suas informações, é através dessas digitais”, explica.
O profissional pontua que a confecção da carteira de identidade é muito mais do que apenas "sujar o dedo". “Quando a pessoa vai emitir um documento como a carteira de identidade, será feita uma análise para ter certeza de que aquela pessoa que entra no sistema é realmente essa pessoa que ela está afirmando que é”, argumenta.
Já quando ocorre a morte e o corpo da vítima precisa ser liberado os procedimentos são diferentes. “Se não for possível a identificação pela digital, será pela arcada dentária, pelo DNA e tudo isso demora um tempo. Então até no momento difícil a papiloscopia te traz uma resposta muito rápida e confiável”, conta.
Presente no estado de Mato Grosso desde 1976, o Instituto de Identificação da Politec já emitiu 300 mil novas carteiras de identidade, somente no ano passado.
A nova Carteira de Identidade Nacional (CIN), substituta do antigo Registro Geral (RG), agora traz o número de inscrição do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), que será adotado como o novo registro geral nacional, fazendo o antigo modelo cair em desuso.
Identificação criminal
Em janeiro, um caso no qual o trabalho do papiloscopistas foi crucial ocorreu em Cuiabá. Um homem tentava tratamento em unidade de saúde da Capital, mas alegava ter perdido os documentos. Os servidores foram solicitados para colegar digitais e registrar a entrada do paciente.
Em análise e confronto das digitais, foi constado que o homem não era quem se apresentava. Ele usava nome falso e era, na verdade, um foragido de Rondônia condenado por tráfico de drogas e receptação.
A análise das digitais foi confirmada também na perícia realizada pela Polícia Federal de Mato Grosso no Sistema Multi Biométrico de Identificação, de abrangência nacional.
O criminoso foi preso ainda no hospital público.
Fonte: Gazeta Digital https://www.gazetadigital.com.br/editorias/cidades/dos-filmes-para-a-vida-real-a-identificao-de-pessoas-pelas-digitais/761246